quinta-feira, 12 de abril de 2012

no.24

meu corpo
é o cortejo do meu coração, aquele metrônomo
que bate torto
um leitmotiv, um scherzo,
a trauermarsch de todo dia
acelerada pelas dores que
nenhuma carpideira sofreria
por um trocado qualquer,
uma moeda suja da minha saliva mais suja
do que o vil metal:
o frete desse meu corpo imenso,
pesado de saliva e sangue
e da batida constante,
enlutado por uma cortina de cabelos que insiste em crescer
mesmo sem fôlego, sem
o ar que o meu pulmão,
um fole ineficaz,
circula com parcimônia
por entre o vazio das minhas costelas

meu corpo é a cova,
é o caixão e o sino.

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